Talento imbatível

O Château Roubine atravessa séculos mantendo a mesma excelência vinícola que ajudou a colocar a Provence no mapa-múndi do vinho

O cenário é espetacular: uma bela construção antiga cercada por pinheiros e carvalhos na qual incide uma luminosidade única, possível apenas nessa região da França. As cores do vinhedo completam o visual. O Château Roubine é um dos produtores de vinhos mais tradicionais da Provença, área que se estende dos Alpes até a costa do Mediterrâneo, no sul da França, conhecida pela excelente culinária, pelos campos de lavanda e alfazema, pelas cidades históricas e famosas, pelas praias exuberantes de St. Tropez e Toulon e, como não poderia deixar de ser, pelos excelentes vinhos rosé.

Não é à toa que o produtor se orgulha em dizer que a natureza é a grande inspiração para a produção de vinhos de elevada qualidade. O Château Roubine, uma propriedade de 320 hectares sendo 178 de vinhedos, faz parte da apelação Côte de Provence, a mais vasta do país europeu, onde 80% da produção são vinhos rosé, mas que recebe cada vez mais atenção também pelos tintos. “Felizmente a Provença, que é a quintessência da região mediterrânea, foi invadida pelo mesmo tipo de indivíduos determinados a elevar a qualidade que tem feito suas reputações em outros lugares”, escrevem os autores Hugh Johnson e Jancis Robinson no Altas Mundial do Vinho (editora Nova Fronteira). “Proporções cada vez maiores de rosé – o vinho local mais importante e que está cada vez mais na mídia – são feitas gentilmente, possuem um perfume intrigante e são secas o suficiente, a ponto de se tornarem o perfeito acompanhamento para o alho e o azeite de oliva, que caracterizam a cozinha da região. Tintos verdadeiramente interessantes também estão sendo feitos por toda a Provença.”

Encantamento à primeira vista

Localizado entre as cidades de Lorgues e Draguignan, no centro do distrito Var, entre o Rio Verdon e o Mar Mediterrâneo, o Château Roubine começa sua história no século 14, especificamente em 1307, quando pertenceu a Ordem dos Cavaleiros Templários – para quem não lembra, os Templários era uma das famosas ordens de cavalaria que surgiu na Idade Média para a proteção dos cristãos que peregrinavam a Jerusalém novamente. Além disso, está próximo a uma estrada que data do tempo dos romanos, chamada Julienne. Esses fatos históricos estão impressos nas garrafas dos vinhos através de um brasão com o desenho de um dragão, que simboliza a cidade de Draguignan, um leão representando Lorgues e os raios de sol.

A atual proprietária, Valérie Rousselle Riboud, se encantou com esse conjunto de características naturais e culturais e adquiriu a propriedade em 1994 juntamente com seu marido, o ex-campeão olímpico de esgrima Philippe Riboud – antes deles, o Château pertencia a um milionário dinamarquês que o havia adquirido no fim da década de 70. O casal trabalha para produzir vinhos que obtenham reputação mundial através da harmonização entre o uso da tecnologia e os critérios rigorosos empregados na agricultura. Desde 1953 o Château Roubine se orgulha do prestigiado título Cru Classé, recebido através do Ministério da Agricultura.

Natural de St. Tropez, Valérie estudou na famosa Ecole Hoteliere de Lausanne e, posteriormente, na French Wine University, onde cursou viticultura e enologia. Ainda assim conta com o apoio do enólogo Olivier Nasles, de Jean Louis Francone nos cuidados com as vinhas e de Pierre Gerin na adega. No vinhedo do Château existem 13 variedades de uvas, entre elas as castas carignan, grenache, cabernet sauvignon, shiraz, semillion e também a tibouren. Condições como a drenagem natural, a exposição ideal do sol e as características do solo (com argila e calcário) formam o terroir. A produção da adega hoje é de meio milhão de garrafas por ano.

Os vinhos

Os vinhos produzidos no Château Roubine são divididos em linhas chamadas Classique, Prestige, Inspire, Vin de Pays e Old Vintages. A Expand traz ao Brasil a linha Classique que combina técnicas modernas de vinificação à tradição local. O Chateau Roubine Cru Classé Le Rose 2008 é um corte de cinsault, grenache e cabernet sauvignon com pequenas porcentagens de carignan, tibouren, shiraz e mourvèdre. Uma curiosidade é que a colheita é feita à noite, por causa das temperaturas mais baixas, já que a região tem clima mediterrâneo. O rosé obtido é um típico provençal que harmoniza bem com aperitivos ou refeições mais leves, típicas do verão, ou ainda com pratos da culinária asiática. Já o tinto Chateau Roubine Cru Classé Le Rouge 2007 é corte de shiraz, cabernet sauvignon, grenache e carignan. Além da coloração rubi, possui aromas picantes, harmoniza bem com queijos e pode ser armazenado por até cinco anos.

*Publicada na revista Expand News edição de setembro de 2010.

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