Madame Rouge

Produzido por uma das últimas propriedades familiares da região de Champagne, o Madame Rouge, que a Expand apresenta ao Brasil, traz em sua essência a tradição do espumante francês.

Os vinhos da região francesa de Champagne são naturalmente especiais, tanto pelas características do solo calcário e do clima frio, que conferem acidez especial as uvas, quanto pela história de superação dos vinicultores de uma terra que foi passagem para as inúmeras guerras que aconteceram na Europa ao longo dos séculos. Champagne também foi o cenário de uma bela história de amor. Em 1869, na pequena Epernay, aconteciam bailes no Château G.H. Martel. Conta-se que em um desses bailes uma dama trajada com um vestido rouge aguardava um único pedido de valsa – e o escolhido era o príncipe do Château. A bela mulher foi a fonte de inspiração para a criação de um champagne consumido na época apenas em reuniões especiais e presenteada com uma garrafa que reproduzia no rótulo o seu retrato. O champagne é o Madame Rouge, trazido exclusivamente pela Expand ao Brasil.

 

Hoje a vinícola Martel é uma das últimas propriedades familiares da região, sendo a 6ª maior produtora de Champagne e a 2ª com maior área de vinhedos próprios. Os vinhos são elaborados com as uvas Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier. Sobre a importância de comercializar seu produto no Brasil através da Expand o diretor comercial da Martel Jean Remy Rapeneau diz: “O mercado brasileiro para Champagne apresenta um crescimento muito rápido. De 2009 para 2010 as vendas aumentaram na casa de 50%. Sendo minha família um dos principais nomes da indústria de Champagne, não poderíamos ficar de fora desse mercado”.

 

Deste produtor a Expand destaca dois vinhos: o Madame Rouge Brut, com ótimo equilíbrio entre frescor e acidez e coloração amarelo dourado intenso e brilhante, e o Madame Rouge Rosé, de coloração rosa-salmão e com grande quantidade de pérlage persistente. No caso do Brut a combinação ideal são entradas como canapés, saladas e queijos, além de massas leves, carnes brancas, frutos do mar e peixes. Para o Rosé a harmonização aconselhada é caviar, ovas de salmão, canapés, frutos do mar, queijos de massa mole e peixe defumado.

Texto publicado na revista Expand News em agosto de 2011.

Uma era de glórias

Os premiados vinhos Seña e Chadwick evidenciam o reconhecimento de Eduardo Chadwick como produtor de vinhos nobres.

Em 1976 o mundo dos vinhos sofreu uma verdadeira revolução – até então apenas os produtores europeus eram considerados de alta qualidade e o resto do mundo era visto com certa desconfiança. Com o Julgamento de Paris tudo mudou, já que os californianos deixaram para trás alguns dos mais importantes representantes de Bordeaux e Borgonha. Em 2004, Eduardo Chadwick promoveu um evento semelhante ao de Paris para mostrar que os chilenos que produz se igualam e até superam a qualidade de franceses e italianos. Promoveu a primeira Cata de Berlim (ou Berlin Tasting) em 2004, uma prova às cegas de seus vinhos ao lado de produtores afamados. O resultado foi surpreendente: o Viñedo Chadwick 2000 ficou em 1º lugar e o Seña 2001 em 2º, à frente de Château Lafite e Château Margaux. O mundo não seria mais o mesmo também para os chilenos.


Seña e Chadwick

Eduardo Chadwick, também conhecido pelos vinhos Arboleda, assumiu a vinícola da família em 1983. Determinado a produzir um ícone do Chile, uniu-se a Robert Mondavi em 1990. Nascia assim o Seña. Depois de anos em busca do terroir perfeito, a propriedade do Viñedo Seña foi adquirida, no extremo oeste do Vale do Aconcágua. “O que diferencia o Seña é sua versatilidade, pois é um vinho que tanto pode ser guardado por bastante tempo como bebido mais jovem, pois é muito bem equilibrado e redondo. Vai bem com carne curtida no vinho tinto ou em molho madeira”, diz a sommelier Anna Rita Zanier.

Já o Viñedo Chadwick, localizado no Vale do Maipo, produz o vinho que representa uma homenagem ao fundador da vinícola, Don Alfonso Chadwick Errázuriz. “É o vinho da família, feito com as uvas dos melhores vinhedos”, continua a sommelier. “Trata-se de um vinho encorpado que tem estrutura e tanino, então deve ser harmonizado com um prato estruturado e com bastante sabor, como palleta de cordeiro ao forno com ervas ou com pernil de cordeiro ao forno.”

Texto publicado na revista Expand News em agosto de 2011.

Tradição varietal

O terroir de Mendoza, aliado a técnicas modernas de vinificação, dá origem aos especiais e premiados Viñalba.

Hoje a Argentina ostenta a quinta posição no ranking mundial de produtores de vinho, mas essa é uma realidade recente para nossos vizinhos, pois eles foram um dos últimos países do Novo Mundo a se preocupar com o mercado internacional, felizes que eram com o consumo interno. E se hoje os vinhos lá produzidos são tão apreciados o mérito é também de Hervé Joyaux Fabre, um francês nascido em Bordeaux em uma família tradicional no mundo dos vinhos que nos anos 1990 decidiu se fixar na Argentina e fundou a Domaine Vistalba, a primeira bodega boutique da região, que possui vinhas antigas de Malbec datadas de 1908.

Hervé acreditou no terroir local e foi o primeiro a fazer vinhos varietais de Malbec na Argentina – até então a uva era usada apenas como coadjuvante. Construiu uma bela vinícola em Vistalba, aos moldes dos châteaux franceses, rodeada pelos primeiros 37 hectares de Malbec, e hoje cultiva também Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Merlot. Responsável pelos elegantes vinhos Fabre Montmayou, Hervé decidiu desenvolver uma nova variedade de vinhos em Mendoza e na Patagônia.

Lançados em 2008, os Viñalba já receberam diversos prêmios, incluindo os troféus IWC (International Wine Challenge), Medalha de Ouro nas avaliações da revista Decanter e do Concours Mondial de Bruxelles, e ainda foi considerada a melhor vinícola da Argentina no torneio International Wine & Spirit Competition (IWSC). “Hervé Fabre procurou fazer um vinho mais delicado, elegante e com fortes notas de frutas, notas essas que fizeram com que especialmente o Malbec ganhasse tantos prêmios e fosse considerado o melhor Malbec da Argentina”, conta Anna Rita Zanier, sommelier da Expand.

A Vistalba oferece uma variedade de exemplares expressivos, que combinam a pureza da fruta e a expressão da varietal com elegância, resultado do respeito ao terroir, da utilização de técnicas de vinificação modernas e do savoir faire de Hervé. A Expand destaca o Viñalba Reserva Malbec 2010, com taninos delicados e sedosos; o Viñalba Malbec 2010, para ser apreciado no dia a dia; o Viñalba Reserva Cabernet Sauvignon 2009, que possui aroma de groselha; e o Viñalba Reserva Merlot 2009, com taninos maduros e aromas de frutas vermelhas escuras.

*Texto publicado na revista Expand News de junho de 2011.

Corte preciso

Com cortes de uvas autóctones, a Bodegas Roda entrega vinhos excepcionais que só aumentam a fama de Rioja

“Rioja está para a Espanha assim como Bordeaux está para a França”, afirma Eduardo Viotti, responsável pela coleção O Mundo do Vinho, do Grupo Folha. Foi com essa certeza que Mario Rotllant e Carmen Daurella chegaram à região espanhola no início dos anos 1980 com o intuito de criar algo novo no mundo do vinho. Nascia a Bodegas Roda, vinícola butique (produz em pequena escala, com foco no terroir) localizada em Haro, na Rioja Alta, protegida ao norte pela Serra de Cantabria e a sudoeste pela Cordilheira Ibérica. Esses dois conjuntos de montanhas se unem pelo Montes Obarenes, por onde passa o rio Ebro em direção ao mar. É nessa confluência que está a Roda, onde os climas atlântico, continental e mediterrâneo contribuírem para que o mesmo vinhedo se comporte de maneira diferente ano a ano.

Ao todo a Bodegas controla 150 hectares de vinhedos em 28 ecossistemas diferentes com altitudes entre 380 e 650 metros. Todo ano é feito um mapeamento para que sejam selecionados os 17 melhores vinhedos para a elaboração dos vinhos. As uvas cultivadas são as autóctones Tempranillo, que dá origem a vinhos potentes e elegantes, com grande variedade de aromas e sabores; Graciano, de difícil cultivo, mas que origina vinhos com reflexos da cor púrpura; e Garnacha, que produz vinhos de alto teor alcoólico.

Desse produtor, a Expand destaca quatro vinhos: Roda Sela, denominação Crianza, muito frutado e com textura sedosa; Roda I Reserva, de cor rubi intensa, com notas de baunilha, cacau e tabaco e excelente persistência; Roda Reserva, de intenso aroma de frutas vermelhas e taninos abundantes e sedosos; Cirsion, que possui aromas complexos de frutas negras, terra úmida, violetas, chocolate e menta, eucalipto e fumo. Em geral, todos harmonizam com carnes vermelhas e queijos curados.

*Texto publicado na revista Expand News em junho de 2011.

Terroir argentino, tradição francesa

A vinícola Cuvelier los Andes se vale das lições históricas da França para criar um vinho clássico, mas com o vigor típico do Novo Mundo.

Desde que começou o trato de seus vinhedos, na região argentina de Mendoza, o produtor Cuvelier los Andes teve êxito. Isso porque por trás de uma vinícola jovem existe a tradição de um dos mais renomados produtores franceses, a família Cuvelier. Proprietários de alguns Châteaux de renome no país europeu, os Cuvelier resolveram expandir o estilo bordalês de fazer vinhos no fim do século 20 e trouxeram a paixão pela vitivinicultura para Mendoza.

Em 1999 foram plantadas as primeiras vinhas da vinícola que está na região do Vale de Uco, 120 quilômetros ao sul de Mendoza e aos pés da Cordilheira dos Andes. Entre os cuidados adotados está a alta densidade das vinhas, com 5.500 pés por hectare, o que favorece a produção de frutos com alta qualidade. A propriedade possui 65 hectares, dos quais 55 são cultivados, com terrenos 1.000 metros acima do nível do mar. A maior parte dos vinhedos é de Malbec, a uva que se adaptou melhor na argentina que em sua terra natal, mas há também Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot.

Apesar de considerada jovem, a vinícola já recebeu excelentes críticas da Wine Spectator e de Robert Parker. Desse produtor, a Expand destaca três vinhos: Cuvelier los Andes Colección, que possui aromas de frutas muito maduras esmagadas, mocha e chocolate escuro, além do aroma de pele animal e especiarias; Cuvelier los Andes Grand Malbec, vinho de grande delicadeza, com aromas de ameixas maduras, especiarias e de longo final; e Cuvelier los Andes Gran Vin, de cor rubi intenso e com aromas defumados, de especiarias, cerejas pretas e groselha negra. Todos têm graduação alcoólica de 15% ou mais e acompanham carnes vermelhas assadas, caça, cordeiro e queijos curados.

*Texto publicado na revista Expand News de maio de 2011.

Nas Drówia!

A polonesa Pravda, chamada a joia das vodkas, é uma imperdível exceção em meio aos grandes vinhos do portfólio da Expand.

Conta a história que desde que o rei Augusto III assinou um decreto que deu direito exclusivo à nobreza polonesa de destilar e vender vodka, os ensinamentos sobre a arte da bebida ficaram restritos a anciãos que comandavam as destilarias. Justamente um grupo de idosos foi o responsável pela descoberta de uma vodka especial, a Pravda, extremamente macia, pura e aromática. O ano era 1743, no sul da Polônia, nos Montes Cárpatos, aonde se chegou à conclusão de que a qualidade era determinada não apenas pela destilação do álcool, mas principalmente pela pureza da água.

A água que compõe a Pravda vem direto da fonte, não passa por tubulações, é levada à destilaria por caminhões tanques e se origina em uma parte da montanha onde não é permitida a entrada de pessoas. Depois é submetida a um processo de filtragem para que aromas indesejados sejam eliminados. Outro aspecto relevante é que a Pravda passa por um sistema único e patenteado de destilação em cinco etapas, o que a torna extremamente macia. Também os grãos de centeio doce vindos de Wielkopolska, dos quais a bebida é feita, elevam a qualidade e conferem sabor suave. Para se ter ideia, o preço do grão de centeio é dez vezes mais caro que os grãos comuns e rende apenas 1/3 do que os outros renderiam. Por isso, diz o produtor, fazer vodka de centeio custa 30 vezes mais.

Junte a essas particularidades cuidados como a dupla lavagem da garrafa (que se destaca pelo gargalo esguio com uma pedra roxa incrustada) e o fato de passar por um rigoroso padrão de qualidade atestado por oito provadores experientes e fica fácil entender por que essa bebida é chamada de joia das vodkas e reservada para momentos especiais. Com teor alcoólico de 40%, aconselha-se ingerir gelada e harmonizada com ingredientes fortes.

*Texto publicado na revista Expand News em maio de 2011.

Estilo único

Valendo-se de uvas autóctones, o produtor Umani Ronchi entrega vinhos com a identidade cultural da Itália central.

Desde o início de sua história, a Azienda Vinícola Umani Ronchi se destaca pela produção de dois vinhos autóctones: o branco Verdicchio, feito com a uva de mesmo nome, e o tinto Rosso Conero, feito com a Montepulciano, principal uva tinta da região Marche, na Itália central, onde se localiza essa vinícola. Fundada por Gino Umani Ronchi em 1957, em Cupramontana, a vinícola foi adquirida pela família Bianchi-Bernetti há quase 50 anos e hoje também investe no cultivo de cepas internacionais. Sob o comando de Roberto Bianchi e seu genro Massimo Bernetti os negócios prosperaram e atualmente Massimo e seu filho Michele administram a vinícola.

A área cultivada é de 200 hectares distribuídos em dez pedaços, cada qual com características únicas. Além de Marche, região com qualidades essenciais para a produção de vinhos finos, a família adquiriu terras na vizinha Abruzzo, nas colinas Teramane. Nessas regiões, as videiras ficam expostas longas horas ao sol e protegidas do clima ríspido do inverno pelo sopro da brisa do mar.

Desse produtor, a Expand destaca quatro vinhos. O Pelago Marche Rosso IGT 2006, corte de Cabernet Sauvignon, Montepulciano e Merlot, possui aromas de especiarias como café e combina com pratos ricos à base de caça. O Podere Montepulciano D’Abruzzo DOC 2009, feito com a Montepulciano, possui aromas delicados de ameixa e cereja e combina com massa com molho de carne. O Montipagano Montepulciano d’Abruzzo DOC 2009, também feito com a uva típica da região, tem agradável aroma de frutas vermelhas e combina com carnes vermelhas assadas e massas. Para harmonizar com carnes brancas grelhadas ou frutos do mar, o ideal é o branco Villa Bianchi Verdicchio dei Castelli di Jesi DOC Classico 2009, feito da famosa Verdicchio e que possui aroma intenso e frutado.

*Texto publicado na revista Expand News de abril de 2011.

Bordeaux safra 2009

A região francesa de maior prestígio no mundo dos vinhos é novamente centro das atenções com a safra de 2009. A Expand traz ao Brasil cinco vinhos que refletem uma das colheitas mais marcantes da história.

Robert Parker, um dos nomes mais respeitados do mundo dos vinhos, teceu elogios e excelentes notas para os exemplares produzidos na região francesa de Bordeaux da safra 2009. Só esse fato é garantia de que as garrafas vindas dos châteaus da região reservam excelentes surpresas. O ano de 2009 é considerado histórico principalmente pela opinião unânime de críticos sobre o resultado de uma safra na Europa, e em especial em Bordeaux, algo que não acontecia há anos, como explicou a sommelier Anna Rita Zanier. “A safra continua sendo importante para os vinhos, mas hoje a tecnologia ajuda a melhorar muito a qualidade das bebidas e isso faz com que a safra não seja essencial, apesar de ser um dos fatores determinantes para a produção de um bom vinho”, diz.

As condições climáticas foram perfeitas para uma grande uva naquele ano: julho e agosto tiveram incidência solar uniforme e calor com temperaturas muito elevadas; em setembro, o clima seco e frio das madrugadas ajudou a efetuar uma colheita com uvas intactas, o que evitou fermentações e fungos indesejados. “A partir dessa safra provavelmente Bordeaux está em um caminho de volta aos vinhos produzidos nos anos 1980, explorando novamente a biodinâmica e processos de produção que deixam mais falar a uva e o terroir que o gosto dos críticos ou dos consumidores”, diz Anna Rita.

Apesar de ainda ser difícil falar sobre as principais características desses vinhos, a promessa é que eles terão longevidade, grande equilíbrio, elegância e poderão ser comparados com as grandes safras do passado. “Os Bordeaux que temos agora estão bons para beber, mas também reservam surpresas para daqui 5, 8 anos”, diz Anna. “Outros são para guardar e reservar para as grandes conquistas e celebrações da nossa vida daqui 15, 20 anos.”

*Texto publicado na revista Expand News em abril de 2011.

A excelência da Malbec argentina

O cuidado irrepreensível com os vinhedos e a expressão do caráter do terroir são a marca da vinícola argentina Mendel.

O sucesso do produtor argentino Mendel está no nome do respeitado enólogo Roberto de la Mota, que costuma dizer que nasceu dentro de uma vinícola, já que seu pai, Raúl de la Mota, fez história na produção de vinhos do país. A crença na Malbec, uva francesa que se adaptou perfeitamente à Argentina, passou de pai para filho e fez com que Roberto realizasse o sonho de ter uma vinícola própria depois de trabalhar com grandes produtores. Assim nasceu a Mendel, localizada em Luján de Cuyo, em Mendoza, e os vinhos que traduzem as singularidades do terroir da região.

O clima é desértico e continental, com estações bem marcadas durante o ano. As chuvas escassas obrigam a irrigação, fator determinante para a excelência da produção, pois garante o controle da filoxera em vinhedos pie franco (sem enxertos) e possibilita o efeito desejado de amadurecimento da uva. Os vinhedos de Malbec têm 80 anos e estão entre 900 e 1.100 metros de altitude.

Vinhos Mendel

A combinação de vinhedos antigos, pessoas experientes e o trabalho cuidadoso originam pontuados exemplares. Entre os vinhos desse produtor que a Expand traz ao Brasil estão: Mendel Malbec 2008, com taninos maduros e aveludados, de paladar elegante e concentrado, e que representa a expressão máxima dessa variedade em terras argentinas; Mendel Unus 2007, corte de Cabernet Sauvignon e Malbec, possui taninos maduros e complexos, é equilibrado e elegante; Mendel Finca Remota 2007, estruturado, com taninos suaves, fácil de beber e com final persistente, produzido com as Malbec do vinhedo de Altamira, com mais de 60 anos; e Lunta 2008, de cor vermelho intenso e corpo médio, com aroma predominante de frutas vermelhas maduras, taninos suaves e final persistente. Todos os vinhos harmonizam com carne vermelha assada e massas com molhos condimentados.

*Publicada na revista Expand News de fevereiro de 2011.

Borbulhas italianas

A Expand lança exclusivamente no Brasil dois produtores italianos conhecidos pela excelência do refrescante e festivo Prosecco.

Histórias curiosas cercam os lançamentos italianos exclusivos da Expand no Brasil, além das deliciosas borbulhas características dos espumantes que vem da região apreciada em todo mundo pela beleza natural, pelo clima e pela produção vinícola: o Vêneto, no nordeste da Itália. O prosecco Ecco DOC, da vinícola Il Colle, recebeu esse nome depois que um jovem artista que viajava por aquelas terras experimentou o vinho e, surpreendido, exclamou: “Ecco, essa é uma obra de arte”. Já a linha de Prosecco Fontini é resultado da união do Conde Giordano Emo Capodilista e alguns amigos apaixonados por vinhos que há séculos decidiram produzir exemplares de qualidade excepcional.

Vinhos cheios de tradição que ajudaram a divulgar o Prosecco  pelo mundo e confirmar a vocação dessa bebida para momentos festivos (leia na página XX as origens do espumante). A Il Colle, situada em San Treviso di Felleto, no coração da região do Prosecco Superior Conegliano Valdobbiadene, produz o Prosecco Ecco DOC, varietal da uva Glera, de cor amarelo-palha e brilhante, com perlage finíssimo e persistente. Seu aroma lembra frutas brancas e harmoniza perfeitamente com entradas variadas a base de frutos do mar.

Da propriedade La Montechia, onde a família Capodilista dedica-se a produção de rótulos surpreendentes desde a época medieval, vem a linha Fontini. O Prosecco Fontini DOC Treviso possui aromas de frutas brancas, cítricos e minerais e na boca é leve e tem boa persistência. Pela personalidade Brut, harmoniza com todas as refeições. O Prosecco Fontini Valdobbiadene DOCG possui agradáveis aromas de pêras, tem acidez média e persistência curta. Também Brut, combina perfeitamente com entradas e canapés. O Espumante Fontini Prestige Rosé tem coloração rosada e delicada, no nariz possui intenso buquê de rosas, frutas vermelhas frescas, cítricos e lichia. Ideal para harmonizar com aperitivos, carnes brancas e pratos a base de peixes.

*Publicada na revista Expand News de fevereiro de 2011.

O melhor da Itália

Do norte da Itália

Do Piemonte o produtor italiano Cantina del Pino extrai o melhor para a produção de vinhos ímpares que chegaram à Expand.

A Cantina del Pino, localizada na região do Barbaresco, no Piemonte, ao norte da Itália, produz alguns dos vinhos italianos mais famosos internacionalmente, além de merecedores de pontuações elevadas de críticos reconhecidos como Robert Parker. Localizada a uma hora de Turim, e igualmente distante do Mediterrâneo e dos Alpes que separam a Itália da França, é cercada por montanhas majestosas que oferecem não apenas uma vista privilegiada como projete o vinhedo, de 7 hectares, de condições climáticas adversas.

Fundada por Adriano Vacca, a vinícola tem uma história peculiar que começou com Domizio Cavazzo, diretor da Royal Enological School em Alba de 1888 a 1913. Depois resolveu se estabelecer na região de Barbaresco, surpreendendo as famílias nobres da época que acreditavam que Domozio optaria por alguma propriedade da já famosa Barolo. Mas ele adquiriu um vinhedo chamado Ovello e pela primeira vez o vinho feito da uva Nebbiolo, que encontra sua mais irradiante expressão nas colinas de Langhe, foi chamado Barbaresco. Infelizmente, Cavazzo faleceu prematuramente e então o avô de Renato Vacca, atual enólogo da vinícola, comprou os vinhedos. “Esta terra está com a minha família há gerações e estes vinhedos são alguns dos melhores de Barbaresco”, diz Renato Vacca. “Desde criança trabalho nesses vinhedos e entendo que sem uvas superiores não é possível fazer um vinho superior.”

Nessa pequena propriedade, onde todas as vinhas estão localizadas na Denominação Barbaresco, não se utiliza fertilizantes químicos e preza-se pelo respeito ao ambiente em que as uvas vão crescer. As vinhas têm idade média de 40 anos, algumas chegam a 70 e outras são mais jovens 35. A Cantina Del Pino produz excelentes e premiados vinhos, como os dois que a Expand disponibiliza a partir desse mês: o Barbaresco Albesani 2005 e o Dolcetto D’Alba 2008.

O Barbaresco Albesani 2005, que recebeu pontuação 95 do exigente crítico americano Robert Parker, é um tinto feito 100% de Nebbiolo, a uva considerada “a resposta do Piemonte à Pinot Noir” – vale lembrar que apenas essa cepa pode ser usada na vinificação do Barbaresco. Esse exemplar amadureceu por 22 meses em barricas de carvalho e descansou 24 meses na garrafa para o afinamento das notas olfativas e gustativas. Sua cor é vermelho intenso e possui elegante aroma de frutas negras maduras. É um vinho elegante, complexo, encorpado e estruturado. Seus taninos são intensos, porém aveludados. Já o Dolcetto D’Alba 2008 é feito 100% da uva Dolcetto que, segundo especialistas, produz vinhos acessíveis, de cores intensas e profundas, além de no paladar lembrar cereja, amêndoa e frutas vermelhas. Para o refinamento de suas notas, esse vinho descansou por 10 meses em tanque de aço inox. Sua cor é brilhante e possui corpo leve e complexo. Seu final é fresco, com notas minerais, e envolvente.

Do coração da Toscana

Dois deliciosos vinhos da vinícola Carpineta Fontalpino, localizada no coração da Toscana, na Itália, chegam ao Brasil.

Os irmãos Giogia e Fillipo Cresti são os responsáveis atualmente pela vinícola Carpineta Fontalpino, colocada no coração da região da Toscana, reconhecida mundialmente pelos exemplares excelentes que trazem toda a tradição das melhores bebidas italianas. Localizada em uma comunidade histórica, próxima a Siena, a vinícola foi fundada em 1900 e pertence a família Cresti desde 1960, que desde então se dedica a produção de vinhos de alta qualidade – Giogia como enóloga e Fillipo como administrador da vinícola.

Dos 80 hectares da propriedade, 19 são de vinhedos de castas como Sangiovese, Merlot, Cabernet Sauvignon e outras experimentais como Petit Verdot e Alicante. Todas  as áreas vinícolas estão na zona do Chanti Clássico (a área produtiva mais importante da Toscana) e Colli Senesi (uma das zonas da região que pode agregar seu nome a denominação Chianti). O vinhedo, que tem exposição excelente do vinhedo e solo composto por argila misturada a areia, tem vinhas com idade média de 18 anos, sendo que as mais velhas datam da década de 1970 e as mais novas não chegam a cinco anos.

Desse produtor, que a Expand apresenta aos brasileiros a partir desse mês, destacam-se dois vinhos: o Chianti Classico DOCG 2008 e o Dofana IGT 2006. O Chianti Classico DOCG 2008 é um vinho que exprime a potencialidade da Sangiovese, mas leva também em sua composição a uva Malvasia Nera. De cor vermelho com tons violáceos, esse vinho (que descansou 12 meses em barricas de carvalho ) possui aromas de ameixa, cereja e ribes com nuances que lembram pequenos frutos da floresta er especiarias. É estruturado, equilibrado, agradável e com final persistente, além de harmonizar perfeitamente com carnes brancas e queijo Peccorino fresco. O Dofana IGT 2006, que ganhou 96 pontos da Wine Spectator, é feito das uvas Sangiovese e Petit Verdot, é um vinho complexo no palato, com taninos generosos, estruturados e aveludados. No processo de vinificação, as uvas PETIT |Verdot ficaram 22 dias em tanques de aço inox e as Sangiovese 18 dias. Depois desse processo, o vinho descansou 22 meses em barricas de carvalho e 8 meses na garrafa. Sua cor é vermelho profundo e seus aromas são intensos ao mesmo tempo em que se mostram delicados e persistentes. Frutado, possui notas de especiarias doces como canela, nozes e chocolate. Harmoniza perfeitamente com massas, carnes assadas e queijos da estação.

*Publicado originalmente na revista Expand News de outubro de 2010.

Sotaque francês

O Grand Malbec Cuvelier los Andes representa o sucesso dos produtores franceses que expandiram seus conhecimentos para terras argentinas.

O vinho Grand Malbec, produzido pela Bodega Cuvelier los Andes, no Vale de Uco, em Mendoza, Argentina, resulta da dedicação e da persistência de uma das mais reconhecidas famílias francesas do mundo dos vinhos, os tradicionais Cuvelier. A propriedade, delicadamente colocada aos pés da Cordilheira dos Andes, possui 65 hectares de vinhedos que estão 1.000 metros acima do nível do mar. É desse terroir que se origina o Grand Malbec, um varietal 100% Malbec, uva que se adaptou perfeitamente à Argentina. Com teor alcóolico de 13% e grande potencial de guarda – 12 a 15 anos quando em ótimas condições de conservação – possui aroma de ameixas maduras e especiarias de grande delicadeza. Na boca, revela-se encorpado, pleno, persistente e de excelente e longo final.

A excelência da produção dessa Bodega não aconteceu por acaso. Quando, no fim do século 20, alguns descendentes dos Cuvelier resolveram atravessar o Atlântico para expandir seus horizontes e se firmar em terras argentinas o objetivo era justamente descobrir o melhor terreno do Novo Mundo para implantar o conhecimento vinícola da família. No vinhedo, plantado desde 1999, a maior quantidade de cepas é Malbec, mas há também Cabarnet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot. As vinhas se desenvolvem de maneira excelente sobre o solo pedregoso e aluvial e no clima seco e quente da região, temperada pela brisa que, à noite, emana da Cordilheira dos Andes.

Chegada ao novo mundo

A família Cuvelier é proprietária de alguns Château de renome na França. A relação deles com os vinhos começou em 1804 com Henri Cuvelier, que decidiu que a bebida seria não apenas sua paixão como herança para as gerações futuras. Sua vinícola se desenvolveu rapidamente e no século 20 os irmãos Paul e Albert Cuvelier decidiram comprar propriedades reconhecidas pela qualidade na França. Em 1914, Paul Cuvelier visitou a Argentina, especialmente Mendoza, e concluiu que os vinhos locais eram agradáveis, mas estavam longe de satisfazer o exigente paladar europeu. Passaram-se anos e o sonho de expandir o estilo bordalês de fazer vinhos encontrou a oportunidade quando o vinicultor Jean-Guy Cuvelier uniu-se a Michel Rolland e outros vinicultores de Bordeaux para investir na produção argentina. Eles formaram um grupo chamado Clos de los Siete, em Mendoza, do qual a Bodega Cuvelier los Andes faz parte.

Berço do vinho argentino

Mendoza, onde está localizada a Bodega Cuvelier los Andes, é a mais importante região vitícola da Argentina, responsável pela produção de mais de 80% do vinho argentino. Localizada a oeste, próxima aos Andes, é dividida em cinco áreas, entre elas o Vale de Uco, onde estão os vinhedos mais altos. A região apresenta características peculiares como o fato de ser em grande parte desértica. O que a tornou produtiva em relação aos vinhos foi a formação de verdadeiros oásis ao longo de centenas de anos, resultado da alteração do percurso de rios que descem as Cordilheiras.

 *Fontes: Vinhos do Mundo Todo Guia Ilustrado Zahar, Altas Mundial do Vinho (editora Nova Fronteira), Coleção Folha O Mundo do Vinho – Chile e Argentina.

*Texto publicado originalmente na revista Expand News de outubro de 2010.

Talento imbatível

O Château Roubine atravessa séculos mantendo a mesma excelência vinícola que ajudou a colocar a Provence no mapa-múndi do vinho

O cenário é espetacular: uma bela construção antiga cercada por pinheiros e carvalhos na qual incide uma luminosidade única, possível apenas nessa região da França. As cores do vinhedo completam o visual. O Château Roubine é um dos produtores de vinhos mais tradicionais da Provença, área que se estende dos Alpes até a costa do Mediterrâneo, no sul da França, conhecida pela excelente culinária, pelos campos de lavanda e alfazema, pelas cidades históricas e famosas, pelas praias exuberantes de St. Tropez e Toulon e, como não poderia deixar de ser, pelos excelentes vinhos rosé.

Não é à toa que o produtor se orgulha em dizer que a natureza é a grande inspiração para a produção de vinhos de elevada qualidade. O Château Roubine, uma propriedade de 320 hectares sendo 178 de vinhedos, faz parte da apelação Côte de Provence, a mais vasta do país europeu, onde 80% da produção são vinhos rosé, mas que recebe cada vez mais atenção também pelos tintos. “Felizmente a Provença, que é a quintessência da região mediterrânea, foi invadida pelo mesmo tipo de indivíduos determinados a elevar a qualidade que tem feito suas reputações em outros lugares”, escrevem os autores Hugh Johnson e Jancis Robinson no Altas Mundial do Vinho (editora Nova Fronteira). “Proporções cada vez maiores de rosé – o vinho local mais importante e que está cada vez mais na mídia – são feitas gentilmente, possuem um perfume intrigante e são secas o suficiente, a ponto de se tornarem o perfeito acompanhamento para o alho e o azeite de oliva, que caracterizam a cozinha da região. Tintos verdadeiramente interessantes também estão sendo feitos por toda a Provença.”

Encantamento à primeira vista

Localizado entre as cidades de Lorgues e Draguignan, no centro do distrito Var, entre o Rio Verdon e o Mar Mediterrâneo, o Château Roubine começa sua história no século 14, especificamente em 1307, quando pertenceu a Ordem dos Cavaleiros Templários – para quem não lembra, os Templários era uma das famosas ordens de cavalaria que surgiu na Idade Média para a proteção dos cristãos que peregrinavam a Jerusalém novamente. Além disso, está próximo a uma estrada que data do tempo dos romanos, chamada Julienne. Esses fatos históricos estão impressos nas garrafas dos vinhos através de um brasão com o desenho de um dragão, que simboliza a cidade de Draguignan, um leão representando Lorgues e os raios de sol.

A atual proprietária, Valérie Rousselle Riboud, se encantou com esse conjunto de características naturais e culturais e adquiriu a propriedade em 1994 juntamente com seu marido, o ex-campeão olímpico de esgrima Philippe Riboud – antes deles, o Château pertencia a um milionário dinamarquês que o havia adquirido no fim da década de 70. O casal trabalha para produzir vinhos que obtenham reputação mundial através da harmonização entre o uso da tecnologia e os critérios rigorosos empregados na agricultura. Desde 1953 o Château Roubine se orgulha do prestigiado título Cru Classé, recebido através do Ministério da Agricultura.

Natural de St. Tropez, Valérie estudou na famosa Ecole Hoteliere de Lausanne e, posteriormente, na French Wine University, onde cursou viticultura e enologia. Ainda assim conta com o apoio do enólogo Olivier Nasles, de Jean Louis Francone nos cuidados com as vinhas e de Pierre Gerin na adega. No vinhedo do Château existem 13 variedades de uvas, entre elas as castas carignan, grenache, cabernet sauvignon, shiraz, semillion e também a tibouren. Condições como a drenagem natural, a exposição ideal do sol e as características do solo (com argila e calcário) formam o terroir. A produção da adega hoje é de meio milhão de garrafas por ano.

Os vinhos

Os vinhos produzidos no Château Roubine são divididos em linhas chamadas Classique, Prestige, Inspire, Vin de Pays e Old Vintages. A Expand traz ao Brasil a linha Classique que combina técnicas modernas de vinificação à tradição local. O Chateau Roubine Cru Classé Le Rose 2008 é um corte de cinsault, grenache e cabernet sauvignon com pequenas porcentagens de carignan, tibouren, shiraz e mourvèdre. Uma curiosidade é que a colheita é feita à noite, por causa das temperaturas mais baixas, já que a região tem clima mediterrâneo. O rosé obtido é um típico provençal que harmoniza bem com aperitivos ou refeições mais leves, típicas do verão, ou ainda com pratos da culinária asiática. Já o tinto Chateau Roubine Cru Classé Le Rouge 2007 é corte de shiraz, cabernet sauvignon, grenache e carignan. Além da coloração rubi, possui aromas picantes, harmoniza bem com queijos e pode ser armazenado por até cinco anos.

*Publicada na revista Expand News edição de setembro de 2010.

Renovação portuguesa

Os tradicionais vinhos portugueses se reinventam na região de Alentejo, e o Perescuma Reserva 2007 é o exemplo mais elegante dessa união entre modernidade e tradição

A região de Alentejo, a maior província de Portugal, passa por um período de ascendência na produção de vinhos de qualidade. Durante muitos anos duvidou-se da vocação daquelas terras ao sul do país ibérico por suas características naturais – como verão extremamente quente, inverno muito rigoroso, terrenos planos e escassez de chuvas. Mas desde que Portugal entrou para a União Europeia, em 1986, foram feitos fortes investimentos na produção vinícola como um todo e, em especial, Alentejo beneficiou-se da inserção de novas tecnologias que elevaram a qualidade da produção.

Entre os produtores de Alentejo está o Perescuma, localizado na região denominada Évora, da família Lobo de Vasconcellos, que há mais de dois séculos se dedica aos vinhos. Pela especialidade de uma produção controlada e que origina poucas garrafas, além da elegância de um exemplar extremamente convidativo do Velho Mundo, a Expand traz o Brasil apenas um vinho desse produtor, o Perescuma Reserva 2007, um corte de 40% Cabernet Sauvignon, 25% Alicante Bouschet, 15% Syrah, 10% Touriga Nacional e 10% Aragonês, engarrafado em março de 2009.

As melhores uvas dos 50 hectares da propriedade foram colhidas no estágio ideal de maturação e vinificadas com alta tecnologia – a filosofia do produtor é combinar o conhecimento secular com novas áreas plantadas, nova adega e novos métodos de cultivo e vinificação. Em seguida o vinho descansou 18 meses em barris de carvalho francês e mais seis meses na garrafa. “Aroma fresco, intenso e complexo de fruta madura, com notas de madeira bem integrada”, escreve a enóloga Susana Esteban sobre o vinho. “Na boca, a sensação de frescura persiste, acompanhada de taninos suaves e macios, o que lhe confere um caráter aveludado, elegante e harmonioso.”

Histórias de Portugal

Portugal é bastante respeitado como produtor de vinhos, tanto que hoje é o décimo país em produção mundial. Mas apesar de atualmente possuir as vinícolas mais modernas da Europa, o país já passou por períodos de ostracismo. Historicamente as vinhas eram cultivadas desde antes de Cristo e o século 18 representou o ápice para o comércio português, quando os portos e madeiras estavam entre os produtos mais exportados, principalmente para a Grã-Bretanha. Só que a epidemia de filoxera que arrasou os vinhedos europeus no fim do século 19 foi extremamente cruel com Portugal, fazendo com que muitas espécies nativas se perdessem para sempre e alguns dos produtores não conseguissem se recuperar dos prejuízos.

Para piorar, o ditador António Salazar desestimulou os produtores ao determinar que se plantassem trigo ao invés de uva. Apenas com a queda da ditadura e com a posterior entrada do país na União Europeia é que a produção vinícola se reergueu e hoje os portugueses se orgulham de seus 240.000 hectares de vinhas. Os tintos de Alentejo, que já chegaram a ser inferiorizados, atualmente recebem elogios da crítica especializada por serem potentes e de sabor atraente.

*Fontes: Guia de Vinhos Larousse (de Manoel Beato), Vinhos do Mundo Todo Guia Ilustrado Zahar, Altas Mundial do Vinho (editora Nova Fronteira), Coleção Folha O Mundo do Vinho – O vinho Tinto.

** Publicada originalmente na revista Expand News edição de setembro de 2010.

Entrevista com Antonio Thadeu Wojciechowski.

Polaco da Barreirinha

Vida/ um ano a mais/ um ano a menos/ que diferença faz/ quando já somos/ mais ou menos/ mais suaves/ mais sábios/ mais fortes/ mais justos/ e de mais a mais/ cromossomos/ um ano a mais/ um ano a menos/ a vida é cais/ e lá vão nossos sonhos:/ barcos pequenos/ um ano a mais/ um ano a menos/ lendo os sinais/ nos esquecemos/ e quando nos lembramos/ é tarde demais/ um ano amais/ outro odiais/ um ano demais/ outro de menos/ um ano tanto fez/ outro tanto faz/ um ano como nunca ouve outro/ um ano sem pagar e só levando o troco/ um ano que vem/ um ano que vai/ e os mesmos ais/ mais amenos. Leia a entrevista com o autor do poema Vida, Antonio Thadeu Wojciechowski.

Antonio Thadeu Wojciechowski é um homem alto, que carrega o mesmo bigode desde os 24 anos. É poeta, compositor, escritor, publicitário e pai de quatro filhos. Thadeu é cheio de amigos e parceiros, na vida e na poesia. Simples, sincero, falador, esse polaco de origens misturadas recebeu o PlanoB em sua casa, na Barreirinha, em uma fria e chuvosa noite de Curitiba. Falou sobre os mais de 60 parceiros de música, o livro lançado recentemente, Não Temos Nada a Perder, o cd que vai lançar em breve, Wojciechowski, e sobre o blog polacodabarreirinha.blogspot.com. É assim que começa essa conversa.

Aconteceu um acidente no seu blog, né?

Entraram já duas vezes. Uma não consegui salvar porque eles deletaram tudo, mas eu tinha cópia no Word. Eles entraram numa madrugada, daí pediram dinheiro, é óbvio que eu não iria pagar 250 euros, então preferi abrir um outro endereço. E daí entraram nesse endereço novo, só que o cara exigiu dinheiro e não fez nada. Mudei de senha, não sei se ele perdeu a jogada…

Quando cheguei aqui a gente estava conversando sobre a falta do interesse da imprensa sobre o seu trabalho, mas os hackers estão interessadíssimos pelo jeito.

Tão né, é que escrevo muito. Agora estava com 642 postagens de setembro de 2005 pra cá. Daí deletei 300 e poucas para poder aliviar um pouco o blog, porque se tem muito volume os caras acham que tem um valor muito grande e tal.

Procurei seu último livro, Não Temos Nada a Perder, escrito em parceria com Sérgio Viralobos, pelas livrarias de Curitiba e não achei…

Tem na Livraria do Chain e na Guerreiro. A Livraria Curitiba não quer comprar, a Livraria Ghignone não quer comprar, não quer nem aceitar em consignação. Você acredita nisso?

Por que?

Não sei qual é a política que eles têm. Porque veja bem, para um cara de livraria, um vendedor, o que eu posso significar? Nada, né? Se não tem lá um cadastro para saber quem é quem, não sou eu quem vai chegar lá e dizer: ‘tenho tantos livros e tal’. Não dá para eu chegar lá e fazer isso. Fui e deixei dez livros na Guerreiro, dez no Chain, dez no Beto Batata…

No Beto Batata eu comprei o último.

Que bom, vendeu tudo já. Lá sempre vende bem, por isso que sempre faço lançamento lá, paga quase a edição do livro. Então, cheguei na Livraria Ghignone e não aceitaram o livro. Na Curitiba pegaram o livro e disseram que iam ler e daí entrar em contato para ver se interessava aquele livro na livraria. Daí, falei: ‘mas quem vai ler esse livro?’. ‘Eu mesma’, disse a vendedora. Digo: ‘ah, você, então boa leitura’.

Dá vontade de dizer: então você paga esse, lê e depois me avisa.

Dá vontade de dizer: dá para você pagar esse pelo menos, já que você não vai comprar…

Sempre foi assim?

Sempre. Mas eu vendo bem. De todos os meus livros tenho pouquíssimos exemplares. Dos 25 que publiquei, isso sem contar os que não são vendidos, são capítulos, outras coisas. Não tenho nada, quase. Tenho um pouco de TAO (publicado em 2001), um pouco de Não Temos Nada a Perder. Os outros, não posso nem dar porque nem tenho cópia. Agora consegui uma cópia de um livro que eu gostava muito, tinha lançado uns anos atrás, consegui uma cópia graças a uma amiga que faleceu. Tadinha…

Era uma cópia autografada que você resgatou?

Isso. Mas ponho muita coisa no blog, no momento estou treinando decassílabo e dodecassílabo. Então estou colocando só o que escrevo diariamente. Hoje (22 de maio), por exemplo, coloquei duas pérolas e não é todo dia que você faz duas pérolas. Fiz um de manhã sobre a Chuva e fiz outro à tarde sobre a Vida de Poeta, fiquei muito satisfeito com os dois. Porque é difícil eu me contentar, viu? Às vezes faço, ponho, mas não curto.

Coloca para testar?

É, daí vejo o que as pessoas dizem.

São sempre comentários muito amigáveis.

É, porque na verdade é tudo um bando de puxa saco, hahaha, apesar de que a maioria eu não conheço. Conheço uns quatro, cinco, seis que visitam o site.

Que são os nomes linkados no seu blog.

É, os linkados, que vão lá e tal. O resto não conheço, mas fico feliz pela recepção, pela forma como eles entendem o poema. Muitas vezes eles pegam só um aspecto do poema, mas já é bastante. O pessoal não gosta muito de poesia, prefere essas coisas fáceis, tipo essas letras de música que estão no rádio hoje. Elas são uma poesia de consumo de fácil leitura, aliás nem precisa entender nada, simplesmente ouve e dança, mexe a bunda, não? Agora a poesia mesmo, como entendo poesia, é uma coisa mais sofisticada, uma leitura mais inteligente, digamos assim.

A primeira pergunta que eu pensei em fazer, lendo a sua poesia, é: só o amor salva, Thadeu?

Só o amor salva, hahaha. Na verdade, veja bem, tenho um grande amor na vida que é a poesia. Esse amor me dá força, me sustenta, me deixa vivo, faz eu enfrentar qualquer dificuldade com clareza, com discernimento, até com alegria às vezes. Acredito mesmo que esse amor que tenho pela poesia seja tudo, o maior tesouro que tenho na vida. Porque a poesia se mistura muito com a vida. Para mim, são os vários retratos que faço da vida. No fim, você pega cada pedacinho daquele e vai ter a qualidade da vida. Se você ler os poemas que postei hoje, vai achar engraçado porque escrevo sobre isso.

E como é a vida de poeta, como você começou a ser poeta?

Sou poeta desde que nasci. Vou fazer 56 anos esse ano. E comecei a escrever bem cedo, acho que tinha cinco para seis anos, acho, quando comecei  a escrever versinhos. Minha mãe adorava versos. Minha mãe é uma mulher que teve 10 filhos e a gente era muito pobre, mas pobre de dar dó mesmo, e minha mãe tinha tempo para ler, para declamar poesia, e ela adora Augusto dos Anjos. E, por incrível que pareça, meu poeta preferido, de todo o mundo o meu poeta preferido é Augusto dos Anjos. Acho o poeta mais lindo de todos, que tem mais beleza interior. As pessoas não entendem a poesia dele, até fiz um poema para ele esses dias, que era ‘para os que não entendem nada de Augusto dos Anjos’. Adoro o Augusto dos Anjos. Então a minha mãe, quando a gente era pequeno, ela vivia declamando poemas dele…

Como a sua mãe conheceu essa poesia?

Minha mãe era professora, foi professora em Blumenau e em Brusque. Daí conheceu meu pai, se mudaram para Curitiba, meu pai era polonês, pintor de quadros, de parede, de letras e tal, então meu pai também tinha um pouco de ler bastante e tal. E acabou contaminando. E desde pequeno a gente tinha essa coisa, essa disputa de escrever coisas e tal. Acho que no transcorrer de toda a minha vida a poesia sempre foi um elemento presente. Como leitura ou como expressão. Comecei cedo a fazer música, e a poesia se insere nisso também. Penso em música e poesia desde pequeno, amanheço com melodias, com pensamentos, o dia inteiro fico pensando nisso. Quando tenho que parar para trabalhar em alguma coisa me dá nos nervos, entendeu? Quando tenho que ganhar um dinheiro, acho horrível, sabe? Ter que parar para fazer outra coisa, que não é o que realmente gosto de fazer.

Com quantos anos você publicou o seu primeiro livro?

Com 18, super cedo.

Você ainda gosta do que você escreveu naquela época?

Não. Gosto de algumas coisas, mas também isso é normal, você pega um cd e gosta de duas, três músicas, pega um livro e gosta de meia dúzia de poemas e não gosta do resto, é natural isso. Estou gostando muito das coisas que estou fazendo agora. Não sei se é a natureza ou o que é. É que hoje em dia a gente não é levado por qualquer idéia, sabe? Antigamente qualquer idéia era a melhor idéia do mundo, já era um clássico. Hoje não é assim mais.

Com quantos anos aconteceu essa mudança?

Acho que foi nos últimos dez anos. Por isso que fico com pena quando penso no que o Leminski poderia estar escrevendo, quando penso no que o Marcos Prado poderia estar escrevendo. Lógico que eles fizeram coisas geniais, não tenho a menor dúvida, mas penso no que eles poderiam estar produzindo agora, com um pouco mais de maturidade, sabe, fico pensando nessas coisas. E escrevendo sobre essas coisas.

Você é professor de Letras?

Fui professor, parei de lecionar em 1983. Lecionei durante oito anos no Cefet e fui um bom professor de literatura. A diferença grande entre mim e os outros professores de literatura é que, para mim, está tudo vivo. A galera quase enlouquecia, completamente. Para você ter uma idéia tinha um clube de criação, que eu fazia funcionar nas tardes de sábado, e chegou a ter 800 inscritos para fazer parte da leitura e de conversas sobre literatura. É memorável. Tudo que eles escutavam em sala de aula era vivo, não tinha nada morto. Qualquer coisa que eu fosse ensinar partia de uma coisa viva, uma coisa que eles sabiam que existia, ninguém imaginava que estava se falando alguma abobrinha ali ou alguma coisa que não tinha serventia, tudo tinha serventia. Encontro muitos alunos na rua até hoje e ouço os maiores elogios. Isso é uma coisa muito recompensadora.

Ela se tornava próxima…

É porque realmente a poesia que fazem hoje em dia eu não entendo. Essa poesia que tem em revista, como uma poesia inteligente, uma poesia de transformação. Eu não entendo isso. Entendo a poesia que pego e leio, conheço as palavras, sei o significado das frases, o encadeamento e consigo entender se existe alguma verdade ali, se existe alguma coisa realmente transformadora. A poesia concreta começou, fez várias experiências muito interessantes, mas depois partiu para um campo meio auto-explicativo, meio auto-promocional e esqueceu de continuar fazendo poesia. E daí entrou uma escola, uma escola que não sei, meio vagabunda, meio… Não consigo entender o que eles estão fazendo mais, entendeu? Por isso que agora estou fazendo essa poesia, estou me concentrando cada vez mais em fazer uma poesia que não tenha uma palavra desconhecida. Nada. Que vá buscar a rima mais simples para transmitir a idéia. E essa é a idéia agora de fazer poesia.

Na prosa você também é assim?

Na prosa tenho um amor muito grande pelo Machado de Assis, pelo Dalton Trevisan e pelo Nelson Rodrigues. Acho que, para escrever, você no mínimo tem que prestar uma homenagem a esses três escritores que são os melhores do Brasil. Então tem que escrever uma coisa que esteja em ritmo e pé de igualdade, e em criatividade também. E, se possível, já que a gente tem toda uma experiência de poesia no ritmo, ainda acelerar mais o ritmo. Procurei trazer o ritmo que fizesse jus a homenagem que estou colocando no livro aos três, alguma coisa que realmente fizesse sentido estar ali os nomes dos três. Por exemplo, sou fã número um do Dalton Trevisan de Curitiba, eu não, né, minha turma toda, porque a gente adora o que ele escreve.

Você se preocupa em escrever mais poesia ou mais prosa?

Simplesmente em escrever. Tem dia que gosto de escrever uma coisa diferente. Estou fazendo agora meu segundo romance, O Mundo Cão é o Melhor Amigo do Homem. Já terminei três vezes, já deletei quatro vezes, não sei como, e agora estou reescrevendo de novo. Não deleto tudo porque tem alguns capítulos que realmente estão do jeito que quero que fiquem. Mas ainda não fechou, não bateu. Sabe, não é assim que quero que o livro saia, quero uma coisa melhor.

Você é muito rigoroso com você mesmo?

Sou. Bastante. Mas tem que ser, né? Tem que ser porque acho que o leitor número um que quero atingir sou eu mesmo. É a mim mesmo, eu lendo e me satisfazendo. Acho que esse é o objetivo da coisa. Se satisfaz a mim, que me considero uma pessoa sensível, emotivo, chorão e adoro as palavras, adoro ter sentido nas coisas que faço… Então o primeiro objetivo é fazer uma coisa bela pra mim.

Não sou leitora assídua de poesia, mas vi no seu livro uma poesia-crônica.

Você conhece um verso do Gregório de Matos? Ela abre o livro dele assim: ‘pois cronista sou’. Quando o Gregório de Matos faz relatos, ele não está só fazendo poesia, ele está contando toda… tem um poema que diz assim (recita):

Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh! se quisera Deus que de repente
Um dia amanhecerás tão sisuda
Que fora de algodão o teu capacete!

Um poema maravilhoso. Ele está descrevendo tudo o que está acontecendo na Bahia dessa época. Os comerciantes, o açúcar que saia da Bahia e era fruto do trabalho escravo, e era levado pelos comerciantes, de graça, em troca de besteiras. Isso é uma espécie de crônica, não deixa de ser uma crônica. Não que ela precise ser isso, ela pode ser isso também.

A sua também é isso?

Também é isso. Não que seja isso, também é isso.

Gostei muito de um poema-crônica seu sobre Curitiba. Curitiba mudou muito?

Nossa… Para você ter idéia, dormi centenas de vezes bêbado na Praça Zacarias. Era o meu ponto de ônibus, então chegava ali as três da manhã e dormia naquela graminha. Hoje nem graminha tem mais, mas tinha ali uma graminha maravilhosa e eu dormia sem a menor preocupação com as minhas coisas, deixava meus livros, minha mala. Nunca acontecia nada. Vá fazer isso hoje em dia. Você acorda sem sapato, sem roupa, espancado, lógico que a mudança que me refiro é essa, essa desumanização da cidade, essa perda, como se Curitiba não conhecesse mais meu rosto. Entendeu? É tudo estrangeiro, é tudo sempre um estrangeiro que a gente não conhece. É impressionante, a cidade perdeu muito a sua identidade.

Você sempre murou aqui na Barreirinha?

Não.

Então por que você é o polaco da Barreirinha?

Quando comprei o terreno aqui disse: ‘agora sou o legítimo polaco da barreirinha’. Aqui o lugar é maravilhoso. Tem arara, papagaio, árvores, é uma coisa maravilhosa. De noite, um silêncio. É uma paz, uma tranqüilidade, meus amigos todos sabem o caminho, tem lugar para todo mundo, sábado tinha cinco pessoas dormindo aqui. E a casa estava cheia de gente, até umas cinco da manhã tinha umas 20 pessoas. A Barreirinha era um bairro silencioso, hahaha!

Como você ganha dinheiro hoje?

Com propaganda. Atualmente trabalho pra McCann, a McCann é a maior agência do mundo e trabalho na correspondente deles em Curitiba. É uma agencia local, com  ramificações pelo resto do mundo.

Você gosta de publicidade?

Tenho que gostar porque, veja bem, é o que me dá de comer. Posso pagar a minha luz, a internet, a escola dos meus filhos. Então é o que tem.

Mas preferia escrever poemas o dia inteiro.

Claro, se a gente morasse num país… Agora, na Alemanha, teve um poeta que lançou um livro e fiquei embasbacado. O cara fez leitura dez dias no teatro, em dez dias 3.600 pessoas com o livro na mão. E aqui o pessoal mal sabe ler…

Isso que Curitiba é, teoricamente, um pouco melhor do que o resto do país…

É por isso que dá para fazer uma tiragem de mil livros de poesia, e olhe lá, né? Uma tiragem de mil, dura uns cinco, seis anos.

Você falou dos seus parceiros, no Não Temos Nada a Perder, além do Sérgio Viralobos que também assina o livro, tem muita gente…

Os poemas são dos dois. Partimos do princípio que a poesia é uma conversa de pessoas inteligentes e sensíveis. Então é a coisa mais natural o pessoal vir aqui em casa, daí a gente tá conversando e de repente: ‘pô, que linda essa frase que você falou’. Entendeu? E põe ali. Daí começa a fazer, a falar, de repente mais gente começa a dar palpite, tem três, quatro que fizeram juntos aquela idéia. E como sou um construtor, tenho facilidade para ajeitar as coisas. Encaixar, fechar uma rima ou uma estrofe, montar mesmo. Fazer o trabalho do produtor da poesia. Mas faço questão de assinar com as pessoas, já que todas colaboraram. E muitas vezes criaram o clima para aquela poesia vir ao mundo. É importante essa energia que é criada para fazer aparecer uma coisa nova. O Leminski escreveu uma vez: ‘ainda vai chegar o dia que tudo o que eu diga seja poesia’. Isso é bem próximo do que eu penso. É difícil eu acordar e começar a pensar numa coisa que esteja dissociada da poesia. É como se tivesse um bicho vivo na cabeça provocando o tempo todo. De repente vem uma canção também, é uma coisa viva, como se fossem várias pessoas falando na cabeça ao mesmo tempo. Você começa a pensar uma coisa, vem uma porção de frases, daí você anota, por medo, porque você sabe que a idéia se repete, mas a forma como ela aparece não. E toda a sutileza está na forma que ela vem.

Você tem caderno de anotações?

Tenho computador. Tenho um iPod também, pra me socorrer. No começo era tudo à mão, mas o computador é um instrumento maravilhoso de trabalho. Só o Ctrl C, Ctrl V, já poupam algumas horas de trabalho.

Você era um grande parceiro do Marcos Prado, né?

A gente tem uma história bem engraçada, eu e o Marcos Prado. Eu tinha feito um concurso de poesia, quando estudava na Católica e tava me formando em Letras. Fiz um recital de poesia que chamava Sala 17. Convidei vários poetas, fizemos um recital, foi maravilhoso e tive a idéia de fazer uma antologia. Lancei para Santa Catarina e Paraná um concurso para poetas mandarem trabalhos que eu iria publicar. E eu tinha escolhido um poeta chamado Eduardo Cabral, que escreve muito bem. E quando eu tava finalizando o trabalho, já tinha escolhido todos os poetas, os 17, o Eduardo Cabral chegou e disse: ‘vou te apresentar um amigo meu que escreve melhor que eu e merece estar no livro’. O Marcos Prado tinha 14 anos naquela época. Ele tava com uma bolsa de lona, tirou os poemas e me deu. Falei: ‘realmente’. Ficamos amigos naquele dia. Ficamos durante 25 anos escrevendo e falando sobre poesia.

Vocês freqüentavam qual bar?

O Bar do Lino.

E o Bar do Meio?

O Bar do Meio foi depois que o Marcos faleceu. A gente salvou a nossa alma ali. Quando ele morreu a gente ficou muito triste, a gente se reunia toda noite ali e fizemos também um trabalho muito rico, muito legal, nesses dois anos que a gente freqüentou o Bar do Meio. Eu e o Edílson del Grossi fizemos quase 200 canções.

Hoje em dia você tem outros parceiros. Você acha que existe uma produção tão significativa quanto naquele tempo?

Acho que não dá para comparar as coisas, sabe? Mas é muito bom o que está acontecendo hoje.

Por que?

Porque é muito legal, uma poesia diferente. A poesia de Curitiba é muito especial mesmo. Porque, na verdade, tudo é ecologia. E aqui se criou uma ecologia maravilhosa, poetas, contistas, artistas gráficos… Tudo isso deu uma densidade emocional para a cidade que é uma poesia muito diferenciada. Acho que hoje a melhor poesia que se faz no Brasil é Curitiba. Não acompanho o mundo todo para poder dizer, mas talvez no mundo. E ecologia é essa coisa transformadora que vai moldando, são as influências que vão fazendo pequenas transformações. Como se você tivesse recebendo informação de tudo quanto é lado, e você é um produto disso.

E a maioria é escrita por homens…

É, infelizmente, mas têm algumas mulheres também.

A poesia é uma coisa mais masculina?

Não é uma coisa mais masculina ou feminina. Mas é que as mulheres não se interessam por isso. Mulher tem uma visão muito prática da realidade, eu acho. Isso talvez as afaste um pouquinho da poesia e da canção. Você veja como é raro compositoras…

Porque é todo um universo…

É, você pega na antiguidade, por exemplo, é tudo coisa de homem. Mas ainda bem que tem muitas poetas já.

Quais são os temas delas?

Falam tudo, as poetas que gosto falam como se fossem um parceiro mesmo. Mas tem uma maneira bem diferenciada de escrever.

Há de se manter feminina.

É, tem a Emily Dickinson, por exemplo, que tem uma poesia maravilhosa. Uma poesia que tem um lirismo, uma construção maravilhosa, adoro ler as coisas que ela escrevia, e ela ficou inédita a vida inteira, só publicaram o livro depois que ela morreu.

Talvez para os homens isso seja mais livre.

Porque a poesia também tem aquele lado de… você falou do cronista, tem aquele lado de estar presente, participando das coisas e dos movimentos.

E o que é o seu novo cd, o Wojciechowski?

Vou mostrar pra você, acho melhor (coloca o cd).

Tem uma música que fala sobre os corações enamorados. Você acha que os corações não estão mais enamorados?

Não, hoje os corações estão assexuados. Só querem trepar. Como se trepar fosse resolver a vida deles. O raciocínio que eles fazem é que a liberdade é ser livre sexualmente. Enquanto ser livre é ter consciência de tudo, consciência do universo e saber que o seu destino é construído através dos seus pés. E que a justiça você faz com os seus braços e pernas. Quando se tem essa consciência você é livre. Se você não tem, não serve para nada.

Mas quando você era mais jovem pensava assim?

Mas poeta pode, poeta não conta, hahaha.

Você sempre cantou?

Só canto em casa. Cantei no estúdio, mas poucas vezes canto em publico. Vou lá, canto umas canções que o pessoal gosta, mas não tenho essa coisa de me profissionalizar como cantor, nem quero.

Mas você pretende lançar o disco?

É, vou lançar, mas não sei se vou cantar do jeito que tá no disco. Acho que vou cantar com o meu violão, falar alguns poemas e só. Cantar outras músicas que não tem nada a ver com o disco.

Você escreve música?

Não.

Só toca.

Nem tocar direito eu toco. Falo pra todo mundo que o violão, para mim, é um instrumento de percussão. Toco, mas do meu jeito. Tem gente que acha que as músicas deveriam ser gravadas como eu faço com o violão, tem uns amigos que não gostaram do disco, eles preferem gravar a música como eu toco.

Faz o cd 2.

Falei que vou fazer, como é que chama… o acústico.

Voltando aos seus textos, vários que li achei que pareciam descrentes…

Não, não sou descrente não, sou até bem humano, humano demais até. Tomara que as pessoas aprendem a viver em paz. É só isso que a gente quer. Tem países em que o banco funciona no meio da rua, que a última queixa crime na delegacia foi anos atrás, e a gente aqui teve 10 mil mortes no ano passado. Nenhum país em guerra tem tanta morte quanto o Brasil vivendo sem guerra. Isso é uma coisa triste. Vejo crianças abandonadas, essa coisa de menina de 12 anos estar indo para balada, ficando grávida com 12, 13 anos, é um absurdo. Não tem condições nem de se sustentar e de se aceitar como pessoa, como é que vai sustentar outra, aceitar outra pessoa? Isso constrói uma história de dor.

É para falar para essas pessoas que você está deixando a sua poesia mais simples?

Para falar para todo mundo, não só para essas pessoas mas para todo mundo. Está se construindo uma história de dor, de violência, mas ao mesmo em que o momento é triste, depois ele é alegre, porque é a construção de uma história, de uma sabedoria. A dor e o sofrimento ensinam as pessoas. E isso vai fazer com que haja logo uma grande ação transformadora. Tem que ser.

Como você lida isso tudo com os seus filhos (Alessandro, Alua, Paola e Kevin)?

Bem, eles me adoram, né? O que posso querer mais do que ser um pai que os filhos adoram? Bom demais. Ultimamente tem sido difícil conversar muito, porque eles estão com muito trabalho, principalmente a Alua. A Paola é tipo eu, sabe? Ela é Leão e é Tigre no horóscopo chinês. O elemento dela é fogo, então, você pode imaginar, só dá ordens o tempo todo.

Você é assim?

Sou Tigre e Capricórnio. Tenho voz de comando, por isso que as coisas passam a acontecer.

Você faz aniversário em dezembro?

Faço aniversário dia 24 de dezembro. Nasci às 23h45 do dia 24 de dezembro. Minha mãe tava tirando o peru do forno, sentiu as contrações, a vizinha atendeu e eu nasci.

O sentimento de família é muito forte pra você?

As pessoas falam: ‘como é que você consegue falar tanto assim?’. Porque quando começo a falar não paro. E ultimamente tem sido um aprendizado ficar quieto. Fico lá em cima, quieto durante horas, na verdade tô falando porque estou escrevendo… Mas isso é porque lá em casa era uma loucura, na casa da mãe. Éramos nós, dez irmãos, e os amigos de nós todos. Era uma loucura, o dia inteiro aquela gritaria, a casa era uma festa. E a gente sempre atraiu muita gente para a nossa casa, o vovô Julio, pai da minha mãe, já era assim. Então a casa da minha mãe, quando ela era criança, também era assim, muitos filhos também e sempre tinha comida pra todo mundo. Sempre falo assim, apesar da pobreza quase absoluta que a gente viveu, a gente era muito rico. Nunca faltava comida, tinha sempre para nós e para quem mais aparecesse. Milagre é o que minha mãe fazia.

*Publicada originalmente no site O Plano B, entre 2005 e 2006.

Entrevista com Nelson Motta

Ele viveu a grande época da música popular brasileira e sempre foi a porta de entrada para os bastidores dessa indústria. Com vocês, o jornalista, compositor, escritor e produtor musical Nelson Motta.

Paulista, “naturalizado” carioca, Nelson Motta é também personagem das histórias que escreve, sejam elas narrativas reais ou ficcionais. Motta viveu o Rio de Janeiro dos anos 60, participou do movimento da bossa nova, produziu artistas como Elis Regina, compôs músicas que viraram clássicos – Como uma Onda é dele e do Lulu Santos –, foi diretor artístico da gravadora Warner Music, lançou Marisa Monte, ou seja, sempre esteve nos bastidores do que conhecemos como música popular brasileira. Apesar de sua ligação com a literatura ter começado em 1977, quando lançou O Piromaníaco, iniciou a transformação de seu conhecimento musical em livros com a edição de suas memórias em Noites Tropicais e, em novembro de 2007, lançou o aclamado Vale Tudo – o Som e a Fúria de Tim Maia, pela editora Objetiva. Aos 63 anos, é um homem com ouvido experiente, difícil de ser enganado, e que se diz satisfeito por ter esperado dez anos desde a morte do amigo Tim para lançar a biografia, já que ele considera um presente para uma sociedade careta ler as histórias de um artista completamente incorreto, mas autêntico e que passou longe de qualquer hipocrisia. A espera, por sinal, só aconteceu porque não se definia quem era o detentor dos direitos sobre a obra. A partir do momento que Carmelo Maia, o filho, ficou com a herança, foi fácil a negociação.

Nelson Motta esteve em Curitiba para uma palestra sobre a música popular brasileira dentro do projeto Diálogos Universitários, uma parceria entre a Souza Cruz e a Universidade Tuiuti do Paraná, e conversou com alguns jornalistas antes do evento. A conversa que você lê aqui foi complementada por e-mail. Atualmente, além de “ficar em casa escrevendo, de bermuda, regata e havaianas”, como afirmou em outra entrevista, Nelson é responsável pelo programa musical Sintonia Fina, pela Rádio Lúmen (FM 99,5). Bem humorado, emitiu opiniões sobre o mercado musical brasileiro atual, sobre o problema que é igualar artistas de renome como Caetano Veloso às celebridades vindas de programas televisivos como Big Brother Brasil e falou de novos projetos, como o documentário inspirado no livro Noites Tropicais e o filme Bandidos e Mocinhas. Um bate-papo com alguém que enxerga a música muito além de qualquer moda.

O que um artista precisa para não ser uma moda passageira?

Talento. Com a internet, a democratização da tecnologia de produção e gravação, hoje praticamente qualquer um pode fazer uma gravação em casa. Tem que ter talento porque tecnologia não dá talento para ninguém, mas não tem mais aquela desculpa do artista pobre, desconhecido, que mora longe. O cara que está em Montes Claros ou Baturité pode ser acessado do Alaska, Sibéria ou Rio de Janeiro, não muda nada. Exatamente por isso também, porque nunca foi tão fácil produzir um disco, nunca foi tão difícil se destacar, fazer sucesso e aparecer, mas é assim que as coisas melhoram. Quando tem muita gente fazendo, aí tem uma seleção duríssima, igual na natureza, os mais aptos sobrevivem. Esse som imperial, globalizante, Madonna, Michael Jackson, anos 80, vender 20 milhões de discos no mundo inteiro ao mesmo tempo, isso acabou.

E por que Julio Iglesias e Roberto Carlos, por exemplo, não saem de moda há tanto tempo?

Bem, porque são “clássicos populares”, artistas que venderam milhões de discos, fizeram incontáveis shows e programas de TV, estão acima da moda e do mercado: são história viva.


Você passou de produtor para escritor de música. Como é transformar a música em um livro?

Não tento transformar a música em livro. Na biografia do Tim, por exemplo, é claro que a música ganhou muito destaque, porque afinal o biografado era o Tim Maia, então analisei profundamente a obra dele durante o livro. Mas a música está muito presente na minha própria escrita, digo, no ritmo, na sonoridade das palavras, nas cadências, isso tem grande importância para mim, às vezes prefiro acrescentar um ou dois adjetivos, que sei perfeitamente desnecessários, só para melhorar o ritmo e tentar levar o leitor até o parágrafo seguinte. Na levada. García Márquez diz que você tem que hipnotizar o leitor, levá-lo numa cadência das palavras. Para mim, mesmo que possa parecer excesso, é swing. Minha prática como letrista de música ajuda bastante.

Dez anos separam a morte do Tim e o lançamento do seu livro. Essa distância foi positiva, até pelo fato de vocês serem muito amigos?

Na verdade o tempo me aproximou do Tim total, digamos assim. Esse livro não é uma biografia acadêmica, como as que o Ruy Castro e o Fernando Morais fazem, que acho espetacular, mas no caso do Tim não caberia isso, ia ficar até meio ridículo. É declaradamente uma biografia escrita por um amigo, por um fã. Agora, não escondi nada. Porque o Tim tinha um lado completamente bandido, umas coisas marginais, ele fez muita coisa maravilhosa e muita coisa horrorosa. Mas ele se orgulhava disso, de ser como era. Acho que a maior traição a ele seria tentar amenizar, apresentar ele como um bom moço, como politicamente correto. Deus me livre, ele ia infernizar as minhas noites. Já pensou o fantasma do Tim Maia enchendo o saco, não queria correr esse risco não… E acho que funcionou esse olhar do amigo, porque eu gostava do Tim Maia com tudo dele, não gostava do bonzinho só, gostava do malvado também, do generoso, do mesquinho, do talentosíssimo, do humor dele, das idéias. O Tim era muito doidão, mas falava muita coisa certa, sobretudo em relação a gravadoras, empresários, esse mundo artístico brasileiro, essas trambicagens todas. O Tim brigou a vida inteira pela independência dele e pagou um preço caríssimo. Então, queria que o livro fosse lido como um romance, com essa levada, “que tudo saia como um som de Tim Maia”, que alternasse o esquenta sovaco com o mela cueca, que era o segredo do sucesso dele. Acho que isso aproximou, o leitor se emociona, se apaixona, as pessoas morrem de rir, sofrem quando ele morre e, de certa forma, se sentem vingadas.

Por que vingadas?

Porque hoje em dia todos esses heróis contemporâneos, essas celebridades atuais, isso é tudo muito careta, muito politicamente correto, todo mundo tem responsabilidade social, tem a “ongzinha”, não sei o quê. E o Tim Maia é um trator passando por cima dessa hipocrisia toda, é um cara que viveu a liberdade ao extremo, então há uma certa vingança em poder apresentar o Tim Maia como um herói da música, do humor, da liberdade. E dez anos depois também foi melhor porque os valores hoje estão muito mais caretas e muito mais hipócritas.

Essa caretice se deve ao fato de o mercado ser voltado aos adolescentes?

Não, acho que não é devido a isso, é um contexto geral, não é só no Brasil, acontece nos Estados Unidos e na Europa também. As coisas ficaram mais rigorosas, mais caretas, não se pode fazer piada com nada, não se pode brincar com nada. Veja que o Casseta & Planeta só sobrevive porque eles têm, entre eles, um negro, um judeu e comunista ao mesmo tempo, que era o Bussunda, e diz a lenda que tem um gay. Então eles ficam à vontade, podem fazer piada de gay, de negro, de comunista, de um monte de coisas, porque têm ali entre eles, mas se não tivesse… Acho que são os valores, a sociedade de consumo, o valor da celebridade, metade das pessoas são célebres porque são, porque saem nessas revistas de celebridades. São esses ex-BBBs, é tudo nivelado, um ex-BBB e o Caetano Veloso, para eles, é a mesma coisa, tá uma festa… Um gênio musical e um imbecil, entendeu? E está tudo nivelado.

Você se considera um cara de sorte por ter vivido um momento de intensa produção, e de alta qualidade, da música brasileira?

Claro, mas sinceramente acho que não existe essa história de que no passado as músicas eram melhores. A salada está cada vez maior, mais variada e saborosa. Dou valor para os artistas, a música brasileira está cada vez melhor. Digo isso matematicamente porque, em 1970, tínhamos 90 milhões no Brasil e uma grande música popular, hoje temos 180 milhões, mais tecnologia de gravação, de produção, de música, o poder aquisitivo está melhor, então a minha dedução óbvia é que deve ter no mínimo o dobro de boas músicas do que tinha.

O que os artistas perdem quando decidem sair de uma grande gravadora para ter uma carreira independente?

Água na boquinha, paparicação, tratamento vip, essas coisas que artista gosta. Mas como isto custa e alguém tem que pagar, acaba mesmo saindo do que a gravadora lhe paga. Gravadora grande dá conforto, especialmente quando o artista é bom vendedor ou uma boa promessa, de todos os meios de produção e promoção. Mas sempre que um disco não vende, o artista culpa a divulgação e a gravadora “entuba”. Faz parte do jogo. Já numa carreira independente, os artistas muitas vezes deixam de ser crianças mimadas e passam a ser adultos, com consciência de todo o processo, atento a orçamentos, desperdícios, caprichos caríssimos, estrelismo intolerante, essas coisas em que ficaram viciados pelas grandes gravadoras.

Pensando nos nomes que já encabeçaram programas populares, que servem como grandes divulgadores, como Carlos Imperial, Chacrinha e hoje o Faustão. Qual a análise que você faz?

Os programas já foram melhores, com certeza. O Chacrinha era um cara genial, além de um grande artista, era um grande entertainer, o primeiro grande palhaço eletrônico, um crítico da sociedade, um anárquico total. Aquelas chacretes peladas, praticamente, aquelas bundas, isso não acontece na televisão de hoje. Isso é impossível hoje, a televisão está careta, já vão logo reclamar: “mas e a família, o PT, não sei o quê, a Igreja Católica, os Sem Terra?”.O Chacrinha tinha essa liberdade, o povo o amava, pode ver como é careta o Faustão. A coisa mais assexuada que existe são aquelas bailarinas do Faustão, com aquelas coreografiazinhas, não tem vida naquilo. O Imperial lançou o Roberto Carlos, o Erasmo Carlos e o Tim Maia, não preciso dizer mais nada. Ele era um cara esperto e se deu bem em tudo que fez, foi importante na música brasileira moderna e era um personagem interessante, um falso vilão, ele dizia “prefiro ser vaiado numa Mercedes que ser aplaudido num ônibus”. O Faustão acho um ótimo sujeito, um grande apresentador para o que é ali. Achava mais engraçado quando era do Perdidos da Noite, conheci o Faustão quando ele era repórter de campo, aquele que entrevistava o jogador na saída do jogo, era hilariante. O problema é que quando você quer atingir muita gente, tem que nivelar por baixo. É um problema. É uma opção, né?

Li que você, depois dos 60, anda curiosíssimo e animado a beça. Para onde você anda direcionando essa curiosidade e animação?

Para o trabalho, para os novos projetos e, é claro, para a família e amigos queridos. E continuo ligado à música de algumas formas, com o programa Sintonia Fina, que agora vai ter em Curitiba também e está no Brasil inteiro. Todo dia tem um artista novo, isso me dá uma grande animação. Sempre fui curioso, não tenho preconceito, sou novidadeiro, gosto de ouvir, não sou bobo também, porque para me enganar é difícil. Tenho 63 anos dos quais pelo menos uns 50 vivendo a música intensamente. Mas sou aberto, sempre fui. Falo dos artistas porque acho que alguém tem que fazer esse papel. Mas é claro que corro riscos, muita gente não deve concordar, dizer que tal negócio é ruim, que devo estar meio maluco… Mas digo o que sinto, sou sincero e incorruptível, por isso as pessoas confiam em mim. O cara pode não concordar com a minha opinião, mas você nunca vai ouvir alguém falar: “ah, ele é um picareta”. Podem dizer: “ah, o cara tá maluco, tá doidão, tá velho e tudo, mas ele é honesto”. Entendeu? E é do ramo. Então continuo fazendo esse papel.

Quais são seus próximos projetos?

Vou me dedicar agora ao cinema, fazendo o roteiro de Noites Tropicais, documentário, e Bandidos e Mocinhas, que vai virar filme da LC Barreto com Luana Piovani no papel da delegada Marlene. Estão fazendo o roteiro e tal, não sei direito porque é o Bruno Barreto que está produzindo e confio muito nele. Mas acho que o meu melhor livro, que queria que ele fizesse, é o Ao Som do Mar e à Luz do Céu Profundo, um romance que se passa em 1960, no Rio. Espero que a gente venha a filmar logo esse. E também pretendo lançar, mais pro final do ano, um CD só com músicas minhas, mas com uma nova roupagem, cantadas por gente boa e nova na praça.

*Publicada na revista TopView entre 2007 e 2009.

Os sabores de Villa Giada

Na fazenda agrícola Villa Giada, na região de Piemonte, Itália, são produzidos tintos de grandeza incontestável com a uva barbera, entre outras.

Da tradicional região de Piemonte, no noroeste da Itália, surgem alguns dos melhores vinhos produzidos pelo país. No centro desse local de cenário exuberante com montanhas, colinas e vales, está localizada a Fazenda Agrícola Villa Giada, entre os morros de Asti e Alba, próxima as cidades de Monferrato e Langhe. É ali que Andrea Faccio cultiva vinhas com excelente terroir.

A história da Villa Giada nos leva dois séculos atrás – o núcleo histórico da adega onde o vinho é envelhecido em barris, foi construído em 1790 –, quando a fazenda já tinha participação no plantio da uva para a produção local. Mas a primeira grande mudança estrutural da Villa, que a colocou em destaque no mercado internacional, aconteceu já no século 20, em 1940, quando foi construída uma nova parte da Adega para que o vinho Moscato d’Asti pudesse ser produzido e comercializado.

A partir de 1993 a família Faccio reuniu uma equipe de aficionados por vinhos para realizar um processo de investigação e desenvolvimento que combina a experiência secular dos métodos tradicionais de plantio e colheita às características tecnológicas modernas para o pleno aproveitamento do excelente terroir. Por esse e outros motivos, as safras da Villa Giada obtêm classificações cada vez mais elevadas.

No Guia de Vinhos Larousse (ed. Larousse, 2007), o autor Manoel Beato afirma que alguns dos mais ilustres vinhos italianos nascem na região montanhosa do Piemonte.  “Os vinhedos recebem muito sol nas encostas, fundamental para o amadurecimento das uvas, principalmente da nebbiolo, de maturação tardia”, escreve o autor. E continua: “É o sexto vinhedo da Itália em tamanho, e 43% de sua superfície está em zona montanhosa. As castas mais importantes são as nativas, e o destaque é para a nebbiolo e a barbera, seguidas de dolcetti e moscato.”

A Villa Giada produz vinhos de duas linhas diferentes, Vini da Singolo Vigneto e I Surí ed Ajan, em fazendas separadas, mas próximas. Cascina Ceirole, em Cannelli, está no centro da propriedade, com vinhas plantadas a uma altitude de 320 metros; Cascina Del Parroco, em Calosso, faz parte de um pequeno planalto com vista para o vale do Córrego Nizza; Cascina Dani, em Angliano Terme, é a região que produz a melhor barbera; e finalmente Bricco Dani é uma pequena colina de frente para o sudeste.

A Região

Situada no norte da Itália, com 43% de sua superfície coberta por área montanhosa, Piemonte é sinônimo de tradição.  A charmosa capital, Turim, cercada pelos Alpes e pelos morros de Monferrato, é considerada uma cidade mágica e já foi até chamada de ‘pequena Paris’. No centro da região vinícola do Piemonte, entre os morros de Asti e Alba, próximo as cidades de Monferrato e Langhe, que está a fazenda agrícola Villa Giada, de Andrea Faccio.

O Clima

A região é bastante iluminada pelo sol em suas encostas e é submetida, todos os anos, a invernos com temperaturas baixíssimas e verões escaldantes. Apesar do risco que os vinhedos correm com constantes tempestades de granizo, as condições climáticas beneficiam safras de qualidade ímpar.

Os Vinhedos

Andrea Faccio, na Villa Giada, cultiva principalmente as uvas Barbera, de fácil cultivo, rápida maturação e que produz vinhos geralmente pouco tânicos, frutados e muito frescos; e a nebbiolo, que possui taninos elevados e produz vinhos de longevidade.

*Publicada na Expand News em 2010.

Rioja, a mais importante região espanhola

Rioja é a região vinícola mais importante da Espanha e de lá vem os vinhos da Marqués de Murrieta, vinícola com mais de 150 anos de história.

Produtora de tintos de grande qualidade, Rioja, no norte da Espanha, possui as vinícolas mais célebres do país europeu, tanto que em 1991 passou de DO (Denominação de Origem) para DOCa (Denominação de Origem Qualificada). Localizada ao norte do país, divide-se em três partes (Rioja Alta, Rioja Alavesa e Rioja Baja) e sua capital é Logroño. O nome se deve ao rio Ojas, um pequeno afluente do Ebro.

Normalmente, os vinhos de Rioja recebem em sua composição uvas das três áreas. “A tinta é a tempranillo, com grande desenvoltura na região, algumas vezes em parceria com a garnacha”, escreve Manoel Beato no Guia de Vinhos Larousse. “Vinhos destinados a longo tempo em madeira são elaborados exclusivamente com tempranillo; outra possibilidade é a combinação com a carbenetn sauvignon. A graciano tem acidez elevada, auxiliando também nos aromas e na cor. Mazuelo é uma variedade que domina e é importante na estruturação do vinho. Entre as brancas cultivadas estão viura, malvasia e garnacha branca.”

A grande vantagem de Rioja sobre as outras regiões espanholas é a posição geográfica em que estão suas vinícolas, pois elas não são atingidas pelos ventos fortes do Atlântico que castigam a costa e não ficam sujeitas aos extremos de temperatura que atinge o resto do país, favorecendo o cultivo. E foi em Finca Ygay, a poucos quilômetros da capital, que Luciano de Murrieta resolveu abrir seu próprio negócio de vinhos, a vinícola Marqués de Murrieta, em 1852.

Nascido em Lima, no Peru, Luciano se mudou com a família para a Europa ainda criança, chegou a ser comandante do Exército Espanhol já adulto, mas decidiu ir para a França aprender as técnicas de elaboração de vinhos e transformar o seu sonho em ter uma adega em realidade. Depois que ele faleceu, a Marqués ficou de herança para seu sobrinho e hoje V Dalmau Cebrián-Sagarriga, atual Conde de Creixell, é quem cuida da empresa. O segredo para tantos anos de permanência é que a identidade da adega foi mantida ao mesmo tempo em que ela foi renovada.

Os vinhos produzidos pela Marqués de Murrieta, conhecidos pelos rigorosos critérios com que são concebidos, e que a Expand traz até você, são: Marqués de Murrieta Tinto Reserva, Capellanía Blanco Reserva, Castillo Ygay Tinto Gran Reserva e Dalmau Tinto Reserva.

A Região

Rioja é uma comunidade no norte da Espanha. Sua capital é Logroño e entre as outras cidades importantes estão Calahorra, San Asensio e Nájera. Em Finca Ygay, a Marqués de Murrieta possui quase 300 hectares de vinhedos.

Clima e Solo

Os vinhedos de Marqués de Murrieta estão na região de La Rioja Alta, que possui temperaturas superiores as outras subregiões de Rioja. Isso, aliado ao solo composto de argila e ao subsolo de calcário ou ferro, confere características especiais as uvas.

Os Vinhedos

Nos vinhedos Marqués de Murrieta encontram-se as seguintes uvas: a tempranillo, considerada natural de Rioja, que origina vinhos de graduação alcoólica alta, com acidez média e cor intensa; a garnacha, que produz vinhos de poucas acidez e se completa bem com a tempranillo; a graciano, caracterizada pela maturação tardia e baixa produção; e a mazuelo, também chamada de cariñena e que produz vinhos rústicos e com graduação média. Além dessas tintas, a branca viura, conhecida como macabeo, e que produz vinhos equilibrados e de aroma fino e elegante.

*Publicada na Expand News em 2010.

Bela e saborosa Itália

País de reconhecida tradição vinícola, a Itália se destaca pela riqueza de castas e pela fascinante produção de regiões como Piemonte e Toscana.

Além de berço da civilização ocidental durante século e terra natal de gênios como Leonardo da Vinci e Michelangelo, a Itália é também a segunda maior produtora de vinhos do mundo e, segundo a Enciclopédia do Vinho, possui 1,2 milhão de vitivinicultores. Não é à toa que o consumo per capta do país é de 104 litros.

Os pouco mais de 300 mil quilômetros quadrados dessas terras da Península Ibérica abrigam 835 mil hectares de vinhedos que fazem os italianos se orgulharem de possuírem mais tipos e nomes de vinhos do que qualquer outro país. Das inúmeras regiões produtoras, destacamos duas: a de Piemonte, no norte, cuja capital é Turim; e Toscana, na Itália Central, sendo Florença a capital. Ambas conhecidas pela superioridade de seus vinhos.

Piemonte e Villa Giada

Situada no norte da Itália, com 43% de sua superfície coberta por área montanhosa, Piemonte é sinônimo de tradição. A charmosa capital, Turim, cercada pelos Alpes e pelos morros de Monferrato, já foi até chamada de ‘pequena Paris’. No centro dos vinhedos de Piemonte, entre os morros de Asti e Alba, próximo as cidades de Monferrato e Langhe, está a fazenda agrícola Villa Giada, propriedade de Andrea Faccio.

A história de Villa Giada começou há mais de dois séculos, em 1790, quando a fazenda já participava do plantio para a produção local. A primeira grande modernização, que colocou a Villa em destaque, aconteceu no século 20, em 1940, quando foi construída uma Adega para que o vinho Moscato d’Asti pudesse ser produzido e comercializado. A partir de 1993 a família Faccio reuniu uma equipe de aficionados por vinhos que mesclaram a experiência dos métodos tradicionais às características tecnológicas modernas para o pleno aproveitamento do excelente terroir. Desde então, as safras obtêm classificações cada vez mais elevadas.

A Villa Giada produz vinhos de duas linhas diferentes, Vini da Singolo Vigneto e I Surí ed Ajan, em fazendas separadas, mas próximas. Do produtor, a Expand destaca o San Pietro Monferrato 2007, feito da uva Dolcetto; e o Surì D.O.C. 2007, da tradicionalíssima Barbera, uva de fácil cultivo e rápida maturação na região.

Toscana, Castello di Fonterutoli

Da Toscana também saem alguns dos vinhos mais importantes do mundo. A família Mazzei, proprietária da vinícola Castello di Fonterutoli contribui para que essa afirmação se perpetue desde 1435. Mais de 20 gerações cuidaram dos vinhedos localizados nas colinas, entre as cidades de Siena e Florença, para preservar suas características e produzir a melhor Sangiovese, a uva predominante.

Fonterutoli conserva a aparência histórica original e tranquila, com poucas casas e a imponente igreja de San Miniato. Situada a cinco quilômetros ao sul de Castellina in Chianti, sobre as colinas do Vale do Elsa, as terras da vinícola estão em altitudes que variam entre 230 e 500 metros. A Expand destaca desse produtor os vinhos Badiola 2007, que combina as uvas Sangiovese e Merlot; e o Serrata di Belgvardo 2007, de Sangiovese, Merlot e Malvasia.

*Publicada na Expand News em 2010.